sábado, 3 de abril de 2010

O mistério das coisas

Eu já fiz um post sobre poesia no metrô (aqui), gosto de ler e tal. Hoje eu estava no metrô e comecei a ler um trecho de uma (em destaque abaixo) e aconteceu aquelas epifanias ... sabe quando as coisas são óbvias, mas a gente teima em querer achar uma explicação onde não há?? Enfim ... ultimamente tenho tentado me convencer de que algo não é o que na verdade é.

"O mistério das coisas, onde está ele?
Onde está ele que não aparece
Pelo menos a mostrar-nos que é mistério?
Que sabe o rio disso e que sabe a árvore?
E eu, que não sou mais do que eles, que sei disso?
Sempre que olho para as coisas e penso no que os homens pensam delas,
Rio como um regato que soa fresco numa pedra.

Porque o único sentido oculto das coisas
É elas não terem sentido oculto nenhum,
É mais estranho do que todas as estranhezas
E do que os sonhos de todos os poetas
E os pensamentos de todos os filósofos,
Que as coisas sejam realmente o que parecem ser
E não haja nada que compreender.

Sim, eis o que os meus sentidos aprenderam sozinhos: —
As coisas não têm significação: têm existência.
As coisas são o único sentido oculto das coisas."


O Guardador de Rebanhos (Canto XXXIX) - Fernando Pessoa

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