Acho engraçado a inversão de valores das coisas noticiadas pela mídia e, consequentemente, a visão do povo sobre elas.
Poderia citar inúmeros exemplos, mas citarei apenas 2 para chegar "aos finalmentes".
Há pouco tempo houve um boom de notícias sobre o tal vestido da Geisy. Ela passou de anônima à celebridade mundialmente conhecida, num - literal - trocar de roupa! Absurdamente ela ilustrou páginas do ociente ao oriente, do capitalismo ao socialismo, arrebanhou fãs e espantou opositores. Para ela? Só lucro: é o assunto em pauta e, enquanto os 15 minutos de fama não terminarem, acumula prêmios: plásticas, apliques, spas, desfiles, massagens, entrevistas, carnavais ... o culto à vaidade graças ao fatídico vestido.
Assistir TV é algo raro simplesmente porque encontrar algo que presta é como procurar agulha no palheiro! Big Brother? Faz-me rir! Nem que me pagassem perderia meu tempo com isso. Mas, sim, eu sei que começou essa semana o BBB-10. Porque eu sei? Porque muitas pessoas do meu twitter fazem questão de mostrar de 140 em 140 caracteres sua paixão pela futilidade! E o fato de estar na décima edição deixa claro a característica intrínseca do povo que alimenta o crescimento de uma cultura vazia!
O motivo de citar esses exemplos é para demonstrar a inversão de valores.
Hoje, ao ligar o rádio, (sempre na CBN - apesar de algumas vezes noticiarem de maneira tendenciosa é a rádio menos pior) ouvi o anúncio da morte de ZILDA ARNS. Parei para prestar atenção, afinal sempre achei que ela fosse "imortal".
Nem terminei de ouvir a notícia e comentei com meus pais sobre isso, afinal eu sou uma grande admiradora do trabalho dela e preferi relembrar coisas que ela fazia por mim mesma e não pela notícia do rádio.
Quando me perguntam "qual seu ator/atriz preferido?" tenho alguma dificuldade em responder porque não tenho hábitos de "seguir" celebridades. Gosto de um filme pelo conteúdo e não por quem atuou nele.
Entretanto se me pedissem para citar alguém de conteúdo e grandes feitos, certamente eu citaria "Zilda Arns".
Mas... Zilda Arns? Parece que esse nome não me é estranho, mas não estou lembrando quem é. É alguém conhecido??
Ela é médica, pediatra, sanitarista, ativista, mãe, mulher, avó, viúva, candidata ao prêmio Nobel de 2006 ... uma história!
Admiro sua incrível capacidade de solucionar problemas sem depender de políticos, sem depender de dinheiro, sem esperar que alguém faça primeiro. Fundadora e coordenadora da Pastoral da Criança, resolvia problemas que estavam ou não ao seu alcance.
Não resolvia problemas de filiados ao partido X ou ao Y, católica praticante, não resolvia problemas apenas de católicos, não escolhia ajudar por sistema de cotas raciais, não dava bolsa-isso, bolsa-aquilo ...
Resolvia problemas com soluções simples e baratas contradizendo aqueles discursos governistas que dizem algo como: "para acabar com a desnutrição precisamos de bilhões e bilhões de dinheiro", "para resolver problemas sanitários a verba é incalculável".
Talvez ela fosse mágica, talvez não. Talvez apenas enxergasse o ser humano necessitado livre de rótulos.
Talvez por isso feitos grandiosos passaram despercebidos para aqueles que alimentam a indústria da futilidade e mantém no poder governantes que continuarão prometendo e não-cumprindo, continuarão procurando pêlo em casca de ovo, enquanto Zilda Arns estaria moendo as cascas dos ovos para resolver o problema da desnutrição e mortalidade infantil!
Zilda morreu, mas seus feitos não. Ela não morreu esquiando nos Alpes Suíços, não morreu num cruzeiro pela Europa, não morreu descansando numa praia particular.
Morreu no desastre do Haiti, no meio da pobreza, fazendo o que sabia fazer de melhor: ajudar quem precisava de ajuda!
Um comentário:
nossa eu vi, grande mulher essa!
espero que a pastoral da criança e do idoso continuem com o trabalho!
-felizmente nem todo mundo é fútil, :)
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